Nenhuma vacina é totalmente eficiente ou completamente isenta de riscos de provocar reações adversas no organismo. Entretanto, graças a produtos cada vez mais purificados e seguros, as reações adversas associadas à administração de vacinas a cães são relativamente incomuns, dada a frequência com que são administradas.
Mal-estar, abatimento, febre, falta de apetite e dor no local da aplicação são as reações mais comuns e em geral passam em no máximo um dia. Contudo, podem ocorrer reações de hipersensibilidade do tipo I, II, III e IV.
Reação de hipersensibilidade do tipo I
Ocorre alguns minutos ou horas após à vacinação e provoca urticária, inchaços localizados principalmente em face ou reação anafilática (alérgica) aguda.
Reações de hipersensibilidade do tipo II
Envolvem a participação de imunocomplexos (união anticorpo e antígeno (nesse caso vírus)) associados a anticorpos IgM e/ou IgG. Estas reações podem causar anemia hemolítica autoimune, trombocitopenia (baixa de plaquetas) imunomediada, poliartrite (inflamação das articulações) e polineurite (inflamação dos nervos). Podem surgir geralmente em três semanas após a vacinação.
As reações de hipersensibilidade do tipo III
Resultam em grande volume de imunocomplexos (união anticorpo e antígeno (nesse caso vírus)) depositados nas paredes dos vasos sanguíneos, levando a ataque imunológico e a vasculite (inflamação da parede dos vasos). Costumam surgir várias semanas após a vacinação. Um exemplo é a queda de pelos nos local da aplicação. Outro exemplo é a glomerulonefrite, que é a inflamação dos rins. A vasculite generalizada é um evento mais raro e muito mais severo que também pode ocorrer.
As reações de hipersensibilidade do tipo IV
Ocorre a formação de granulomas (nódulo, que se forma devido à inflamação crônica) no local de inoculação, provocados em resposta a adjuvantes de depósito à base de alumínio ou óleo. Um estudo submeteu quinze tumores do tipo fibrossarcoma originados em locais de aplicação em cães, a exames histopatológicos e imuno-histoquímicos. Oito dos tumores caninos continham depósitos de alumínio e infiltração inflamatória linfocítica, evidências também encontradas em tumores do tipo fibrossarcomas em felinos associados à aplicação de vacinas.
A literatura científica aborda inúmeras outras reações adversas associadas à vacinação: osteodistrofia hipertrófica em filhotes de weimaraner, ausência de resposta à vacina, imunossupressão transitória, dermatopatias, encefalite relacionada à vacina atenuada contra cinomose, prurido, alergias, formação de anticorpos anti-tireoglobulínicos e óbito.
Um estudo relatou que os cães de pequeno porte apresentam maior risco de reações vacinais em comparação aos de grande porte. Essa pesquisa também demonstrou que cada dose adicional de vacina administrada no mesmo dia aumentou em 27% o risco de reações adversas nos cães de pequeno porte (peso inferior a 10kg) e em 12% nos cães com mais de 12kg de peso.
A administração de não mais do que uma vacina por consulta e a adoção de intervalos de três a quatro semanas entre as aplicações podem ajudar a reduzir a ocorrência de reações adversas. Também se recomenda ter cuidado considerável com animais idosos, debilitados e acometidos por doenças alérgicas ou de qualquer forma imunomediadas ou crônicas, uma vez que a estimulação do sistema imune pode exacerbar essas condições.
Antes de aplicar uma vacina, o veterinário deve considerar a probabilidade de ocorrer um evento adverso, assim como as possíveis consequências ou a gravidade desse evento. Esses fatores devem ser ponderados em relação aos benefícios que a aplicação trará ao animal.
Fonte: www.revistaclínicaveterinária.com.br – Novas diretrizes vacinais para cães, uma abordagem técnica e ética.
Somente o veterinário sabe tratar as possíveis reações adversas causadas pelas vacinas.
VACINE SEMPRE COM O VETERINÁRIO!