A Dirofilariose é uma doença grave que afeta várias espécies, inclusive o homem. Transmitida pela picada do mosquito que vive em áreas litorâneas e quentes.
A Dirofilariose canina é uma doença silenciosa que progride lentamente. Afeta inicialmente as artérias e posteriormente o pulmão e o coração.
A gravidade da doença está relacionada com:
- A quantidade de parasitas;
- A duração da infeção;
- A capacidade de resposta imunológica do hospedeiro.
Os parasitas causam lesões que levam ao estreitamento dos vasos sanguíneos. Isso favorece a ocorrência de tromboembolismo pulmonar (obstrução dos vasos por parasitas) e aumento da pressão no pulmão, como consequência, ocorre a insuficiência cardíaca congestiva do lado direito.
A Dirofilária pode também provocar outras alterações: nos rins, cérebro, fígado, globo ocular e cavidade abdominal. Devido a migrações erráticas do parasita. Além disso, pode provocar um quadro grave chamado Síndrome da Veia Cava, que ocorre devido ao deslocamento de uma massa de vermes adultos, das artérias pulmonares para o ventrículo direito do coração, causando obstrução da válvula, o que leva a morte rapidamente.
Sintomas
Muitos cães são assintomáticos por meses e anos, enquanto outros apresentam como sintoma tosse crônica não produtiva que aumenta com o exercício e com a progressão da doença. Outros sinais são: intolerância ao exercício, emagrecimento acentuado, fraqueza e menos frequentemente, sangramento proveniente dos pulmões e morte súbita.
Diagnóstico Laboratorial
- Um dos métodos mais utilizados é o teste para pesquisa de antígeno de fêmeas adultas de D. immitis, um método rápido, fácil e sensível. Nos cães, os antígenos circulantes aumentam entre 5 a 6,5 meses pós‑infeção.
- Podem também ser aplicadas técnicas para visualização de microfilárias diretamente na lâmina, com o microscópio, como a Técnica da Gota Fresca ou esfregaço sanguíneo.
- Técnicas de concentração para diferenciação de microfilárias, como a Técnica de Knott Modificada e a Técnica das Fosfatases Ácidas para identificar a espécie de dirofilária. Importante identificar a espécie, porque algumas são mais patogênicas que as outras: D. immitis é muito patogênica; D. repens medianamente patogênica; e A. reconditum, A. dracunculoides e A. grassi são praticamente apatogênicas.
Diagnóstico Clínico
Durante o exame físico podem ser visíveis alguns sinais cardiorrespiratórios para D. immitis e cutâneos para D. repens. Para confirmação do diagnóstico, estadiamento e prognóstico de infeção por D. immitis, a radiografia torácica e a ecocardiografia são importantes.
Tratamento da Dirofilariose Canina por D. immitis
O tratamento da Dirofilariose é complexo e arriscado devido aos múltiplos efeitos secundários que podem ocorrer perante a destruição maciça dos vermes. Portanto, é fundamental tratar cada caso considerando: a carga parasitária, lesão pulmonar, idade, porte do animal e possibilidade de restringir o exercício físico. O risco de complicações terapêuticas, em especial de tromboembolismo e Síndrome da Veia Cava, deve ser considerado.
O tratamento da Dirofilariose tem três objetivos principais: destruição dos vermes adultos utilizando um adulticida, destruição dos estágios larvares utilizando um microfilaricida e esterilização das fêmeas de Dirofilaria spp. através de uma antibioticoterapia dirigida contra Wolbachia pipientis. Todos os estágios de Dirofilaria immitis albergam no seu interior uma bactéria denominada Wolbachia pipientis que estimula o nascimento de novas filárias e desencadeia efeitos adversos a nível renal e pulmonar.
O tratamento cirúrgico para remoção dos vermes adultos está indicado nos casos em que existe a Síndrome da Veia Cava, caso não seja realizado, o cão morre em dois dias. São suspeitos desta síndrome animais com abatimento súbito, dificuldade respiratória e mucosas pálidas.
Para confirmação da eficácia da terapêutica adulticida, o kit rápido para pesquisa de antígeno (Dirofilaria) é o método mais confiável, podendo ser efetuado 5‑9 meses após a terapêutica.
Dirofilariose Humana, uma zoonose emergente
As duas espécies de Dirofilaria são zoonóticas, sendo D. immitis a maior responsável pela dirofilariose pulmonar e D. repens pela dirofilariose subcutânea e ocular.
Nos humanos, considerados hospedeiros acidentais, as larvas de Dirofilaria spp. não atingem a maturidade sexual, sendo as lesões devidas a estágios imaturos. Como as infecções são frequentemente assintomáticas considera‑se que a sua verdadeira prevalência esteja subestimada.
Prevenção é fundamental
A prevenção é muito importante, porque a dirofilariose é uma doença grave, pelas alterações que ela causa em pulmões e coração e além disso, o seu tratamento pode apresentar muitas complicações, inclusive levar o cão a óbito. Com a prevenção evitamos também a transmissão para as pessoas.
Os produtos utilizados são a base de ivermectina, milbemicina, moxidectina ou selamectina. Apesar de não impedirem a picada do mosquito, bloqueiam o desenvolvimento das larvas. A administração deve ser mensal. Existem os vermífugos que contém ivermectina e os produtos pour on (ampolas com um líquido) aplicados sobre a pele da nuca. Existe também um produto de longa duração, injetável, converse com o seu veterinário.
Fonte: https://www.researchgate.net/publication/270898504_Dirofilariose_Canina_e_Felina_uma_parasitasse_em_evolucao_II_-_Fisiopatologia_Diagnostico_e_Terapeutica